Tenho observado o cotidiano e
percebido que sempre estamos ocupados, atarefados, atrasados, preocupados,
estressados. Todos estes “ados” se constitui parte de um modelo de sociedade
preocupada em não desperdiçar o tempo. Mas muitas vezes, neste corre-corre
deixamos de nos ocuparmos com o essencial. Em ouvir a voz, os sentimentos e até
mesmo o silenciar do outro. É a sociedade da contradição, onde o altruísmo é
descartado e o hedonismo valorizado.
Estamos “próximos” e simultaneamente distantes. Distantes do outro, de suas
necessidades, de seus apelos, de sua doce presença. Um dia Dalai Lama fez a
seguinte afirmativa: “O que mais me
surpreende na humanidade são as
ações do homem. Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem
dinheiro para recuperar a saúde. Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem
do presente de tal forma que acabam por não viver, nem o presente nem o futuro.
E vivem como se nunca fossem morrer. E morrem como se nunca tivesse vivido”.
Considerando as palavras de Dalai Lama, precisamos às vezes parar um pouco,
olhar, ouvir, sentir, viver de modo significativo nesta sociedade cada vez mais
imediatista e fugaz.
Como ser educador neste contexto? Como ter uma prática educativa que prime pelo dialogo problematizador se estamos tão ocupados e cansados? Que valor tem dialogar com meus alunos, se nesta sociedade temos que passar o conteúdo aligeiradamente e concluir o livro didático?
Dialogar requer a capacidade de ouvir, de dar oportunidade para que o outro se expresse, de penetrar nas entrelinhas de sua fala e provocar a reflexão, sensibilidade e a amorosidade mesmo nos momentos de discordância, de conflitos. Precisamos instigar nossa sensibilidade, nosso olhar, ouvir, sentir, cheirar, tocar.
As experiências que tenho tido com a Educação de Jovens e Adultos, tem me proporcionado um aprendizado contagiante. Ensinar, hoje para mim, implica conhecer meu aluno, possibilitar que ele faça parte deste maravilhoso processo, que é ensinar-aprender; significa desafiá-lo a querer conhecer e aprender mais. Nesta turma, temos entendido, que somos mutualmente educadores e educandos, eu aprendo ensinando e meus alunos ensinam aprendendo. Esta cumplicidade só é possível se tivermos abertos a ouvir o outro, se assumirmos uma prática com compromisso e responsabilidade social, se entendermos que o outro tem um valor inestimável, se valorizarmos seu modo de ser, de pensar, de fazer, de sentir.
Assim, proporcionar uma aprendizagem regada pelo diálogo problematizador constitui subjetividades protagonistas, sujeitos de suas histórias, capazes de ver, ouvir, sentir, interagir e agir na realidade concreta de modo a torná-la um espetáculo. Pensar desta forma, nos torna pessoas melhores e felizes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário