PRIMEIRA ENTREVISTADA - RITA MARIA
"Eu, Rita, nasci em Natal. Sou filha de
mãe solteira e desde criança trabalhei para ajudar a minha mãe no sustento da
família. Quando completei 11 anos,perdi minha mãe, e ai começou de verdade
minha história. Fui morar com uma tia, lugar onde vivi muitos momentos
difíceis. Não fui uma criança feliz, mesmo assim lutei com todas as forças. Me
casei com 17 anos e tive duas filhas. Nesse momento me senti a mais feliz das
mulheres. Me separei quando completei 6 anos de casada. Ai comecei tudo de
novo. Todos esses momentos dificultaram a minha ida para a escola. Somente com
35 anos me matriculei numa escola e fui alfabetizada, e a vida tomou outro
rumo. Nesse meio tempo comecei a frequentar alguns movimentos populares, grupos
de mães e associação de bairro. Hoje faço parte do sindicato das trabalhadoras
domésticas de João Pessoa. Ser alfabetizada e fazer partes desses grupos me
ajudou a ser o que sou hoje. Aprendi a dizer não e ocupar meu lugar na
sociedade. Por mais pequena que seja, foi uma conquista minha".
SEGUNDA ENTREVISTADA – MARIA HELENA S.
MEDEIROS
"Todos sabemos que a educação é a única forma de um futuro melhor para cada cidadão, e por esse motivo é que me aventurei depois de tantos anos nesta nova experiência, voltar a estudar. Nesta escola, já tive muitas experiências positivas que levarei para a minha vida. Não só os ensinamentos dos conteúdos, como ler e escrever corretamente, mas os ensinamentos de companheirismo, amizade, entre outros que aprendi com a professora e os colegas da sala de aula. Espero que o que aprendi aqui, me ajude a conseguir grandes feitos e a prosperar na minha vida, pois a educação abre portas que jamais sonhamos. E o mais importante de tudo que aprendi é que não há idade para se aprender, só basta ter coragem e vontade para aproveitar as chances por mais tarde que pareça, o importante é não desistir, ser persistente".
Atualmente, o fato de serem alfabetizadas, já dignificou a vida das alunas, gerando novas perspectivas de vida. Muitas têm o sonho de fazer Universidade. A Rita (aluna entrevistada) e a Rejane (40 anos) sonham em fazer o curso de Assistente Social. A Helena (aluna da entrevista - 35 anos) e a Nalva (36 anos), desejam cursar psicologia. A Dona Antônia (com mais de 60 anos), sonha em ser professora. Estes são apenas alguns exemplos de como o acesso a leitura e a escrita pode restaurar a esperança de muitos.
Mas vale ressaltar, que aprendizagem desta turma não restringe apenas a educação formal, mas a informal e não forma. A maioria das alunas são sindicalizadas, fazem parte de associações de bairro, das igrejas, onde se apropriam de saberes, fortalecendo subjetividade e a identidade coletiva. Neste sentido, a EJA não estar restrita a alfabetização, mas a proporcionar aprendizagem que permaneça e contribua ao longo da vida de cada educando. A partir desta perspectiva, podemos vislumbrar um futuro melhor para todos.