LIVROS

A IMPORTÂNCIA DO ATO DE VER: A vida carece de sensibilidade. A Sensibilidade é sempre sensação de algo que existe empiricamente. Algo que é capturado e apreendido por meio de um dos sentidos, que reage ao estímulo exterior, tendo em vista respondê-lo de tal modo que, na relação estímulo-resposta, uma necessidade concreta seja satisfeita. Por isso, a sensibilidade é, em si, uma forma natural e concreta de se conhecer o mundo. Ver é uma expressão singular da sensibilidade. Ver é sentir e sentir é conhecer. Visão, sensação e conhecimento são termos que se relacionam e se constituem. Neste sentido, ver é uma sensação importante para o conhecimento empírico do mundo concreto e para o atendimento das necessidades existenciais do mundo natural e social. Desejamos que a leitura deste livro contribua para o reconhecimento da importância do ato de ver. Que aprendamos a ver, assim como apredemos a ler. Que ensinemos a ver, assim como ensinamos a ler. Aprender e ensinar a ver são, indubitavelmente, uma necessidade do nosso tempo, marcado pela cultura visual e pela ordem do signo da imagem.
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A expressão pedagogia crítica da visualidade também se insere no mundo educativo em que vivemos e se apresenta, atualmente, como uma alternativa possível de se problematizar, analisar e investigar a prática educativa; de se configurar e ressignificar o currículo escolar; de se conceber, produzir e circular o saber socialmente aceito; de se organizarem os lugares sociais de aprendizagem; de se ler e se olhar criticamente o mundo; de se potencializar a ação comunicativa e de se apoderar dos sujeitos sociais para o exercício concreto de suas lutas específicas; de se veicularem valores, ideologias e mercadorias no mundo globalizado. Em suma, o verbete pedagogia crítica da visualidade, não é um simples neologismo ou vocábulo sem valor pedagógico. Ele é o signo de mais um modo singular de se pensar e se fazer educação, em lugares diferenciados, com sujeitos distintos, ontologicamente situados no tempo e no espaço sócio-histórico da cultura midiática contemporânea: lugar em que a imagem ganha relevância e centralidade indiscutível. Além de se inserir nesse cenário, o presente livro, que resolvemos nomear de Por uma pedagogia crítica da visualidade, é a continuidade da linha de reflexão e investigação que estamos empreendendo no Centro de Educação da Universidade Federal da Paraíba, sistematizada na Coletânea organizada em 2008, intitulada Educação e visualidade: reflexões, estudos e experiências pedagógicas com a imagem, resultantes de um conjunto de atividades oriundas do campo do ensino, da pesquisa e da extensão, assentadas no reconhecimento da relevância da imagem na sociedade contemporânea de suas implicações no horizonte sociocultural da educação.
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O fazer cotidiano do professor e o estudante universitário pauta-se numa série de atividades institucionais (ensino, pesquisa, extensão e gestão), cuja riqueza epistêmica nem sempre é considerada como matéria-prima do conhecimento aprendido e produzido. Com o passar do tempo, como o deslocamento nos múltiplos espaços acadêmicos e com a realização de ações dispersas, visando atender a demandas imediatas, estudantes e professores acabam por perder de vista os rastros de suas histórias profissionais, por esquecer um rol de elementos acadêmicos que confeririam sentido e inteligibilidade à subjetividade e à visão de mundo que foi sendo tecida no ‘aqui’ e no ‘agora’ de sua existência acadêmica, marcando, assim, o seu próprio ser pessoal e profissional. Na contramão desse processo, o presente livro, intitulado de ‘Educação e visualidade: reflexões, estudos e experiências pedagógicas com a imagem’, tem um duplo o objetivo. O primeiro é o de servir como um incentivo para que reflitamos sobre a necessidade de pensar o nosso fazer, sistematizá-lo e escrevê-lo; o segundo, o de registrar, organizar e compartilhar algumas reflexões, estudos e experiências sobre a imagem na cultura contemporânea, suas implicações no campo da educação e, em especial, sobre as novas demandas da cultura visual e midiática suscitadas sobre a formação dos educadores.
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Este livro aborda uma série de questões que tem se configurado como relevante no debate educacional brasileiro. Seus autores dialogam com a educação a partir de campos diversos do conhecimento, tais como da Filosofia, da Sociologia e da Ciência Política etc. Há no livro, portanto, abordagens que privilegiam tanto contribuições de autores que não têm seus estudos centrados no fenômeno educativo, como é o caso de Noberto Elias, Merleau-Ponty e Boaventura de Sousa Santos, como de educadores reconhecidos nacional e internacionalmente, a exemplo de John Dewey e Paulo Freire, que dedicaram suas vidas ao ensino e a pesquisa da prática educativa. Com efeito, a rede de reflexões entrelaçada pelos textos do livro e o conjunto de problemas que cada um levanta funciona como uma espécie de provocação que convida o leitor a re-pensar e re-visitar a educação sob outras perspectivas.
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