1 de março de 2013

DIÁLOGO COM A TURMA.



Antes do término do ano letivo, realizamos uma breve confraternização, tendo em vista fazermos uma retrospectiva. Mas antes foi feita a seguinte pergunta "Qual a importância de ser alfabetizado/a?". Quis destacar a resposta de duas alunas. Segue abaixo: 

PRIMEIRA ENTREVISTADA - RITA MARIA

"Eu, Rita, nasci em Natal. Sou filha de mãe solteira e desde criança trabalhei para ajudar a minha mãe no sustento da família. Quando completei 11 anos,perdi minha mãe, e ai começou de verdade minha história. Fui morar com uma tia, lugar onde vivi muitos momentos difíceis. Não fui uma criança feliz, mesmo assim lutei com todas as forças. Me casei com 17 anos e tive duas filhas. Nesse momento me senti a mais feliz das mulheres. Me separei quando completei 6 anos de casada. Ai comecei tudo de novo. Todos esses momentos dificultaram a minha ida para a escola. Somente com 35 anos me matriculei numa escola e fui alfabetizada, e a vida tomou outro rumo. Nesse meio tempo comecei a frequentar alguns movimentos populares, grupos de mães e associação de bairro. Hoje faço parte do sindicato das trabalhadoras domésticas de João Pessoa. Ser alfabetizada e fazer partes desses grupos me ajudou a ser o que sou hoje. Aprendi a dizer não e ocupar meu lugar na sociedade. Por mais pequena que seja, foi uma conquista minha". 

SEGUNDA ENTREVISTADA – MARIA HELENA S. MEDEIROS

"Todos sabemos que a educação é a única forma de um futuro melhor para cada cidadão, e por esse motivo é que me aventurei depois de tantos anos nesta nova experiência, voltar a estudar. Nesta escola, já tive muitas experiências positivas que levarei para a minha vida. Não só os ensinamentos dos conteúdos, como ler e escrever corretamente, mas os ensinamentos de companheirismo, amizade, entre outros que aprendi com a professora e os colegas da sala de aula. Espero que o que aprendi aqui, me ajude a conseguir grandes feitos e a prosperar na minha vida, pois a educação abre portas que jamais sonhamos. E o mais importante de tudo que aprendi é que não há idade para se aprender, só basta ter coragem e vontade para aproveitar as chances por mais tarde que pareça, o importante é não desistir, ser persistente". 

Atualmente, o fato de serem alfabetizadas, já dignificou a vida das alunas, gerando novas perspectivas de vida. Muitas têm o sonho de fazer Universidade. A Rita (aluna entrevistada) e a Rejane (40 anos) sonham em fazer o curso de Assistente Social. A Helena (aluna da entrevista - 35 anos) e a Nalva (36 anos), desejam cursar psicologia. A Dona Antônia (com mais de 60 anos), sonha em ser professora. Estes são apenas alguns exemplos de como o acesso a leitura e a escrita pode restaurar a esperança de muitos.

Mas vale ressaltar, que aprendizagem desta turma não restringe apenas a educação formal, mas a informal e não forma. A maioria das alunas são sindicalizadas, fazem parte de associações de bairro, das igrejas, onde se apropriam de saberes, fortalecendo subjetividade e a identidade coletiva.  Neste sentido, a EJA não estar restrita a alfabetização, mas a proporcionar aprendizagem que permaneça e contribua ao longo da vida de cada educando. A partir desta perspectiva, podemos vislumbrar um futuro melhor para todos.