1 de março de 2013

SAUDADE DA ESCOLA ?

As férias é um momento bastante desejado por todos. Todos que trabalham e estudam. Almejam, planejam, economizam ou ficam endividados para desfrutar deste momento. As férias é uma oportunidade para descansar, se divertir, refletir sobre o ano que passou e estabelecer novos planos para o ano que se inicia. 

Nós educadores, conhecemos muito bem as vozes dos alunos: “Há, precisamos de férias”. Esta fala é regular, principalmente na educação de jovens e adultos. A maioria dos alunos que estudam, trabalham dois horários e ter férias da escola representa certo “alivio”. Mas com minha turma ocorreu um fenômeno intrigante e fora na normalidade. As alunas comentavam: As férias estão chegando. E agora o que vamos fazer longe da escola?”. Observei que havia um sentimento de descontentamento e de incerteza. Muitas questões perpassavam na mente de todos: “o que iremos fazer sem as aulas, sem o convívio com os colegas, sem os momentos de alegria e de conflitos, os quais, nos proporcionaram crescimento e fortalecimento?”. Quando pensei que as manifestações haviam se encerrado, de repente a aluna Rita Maria me surpreendeu com o desabafo: “professora o ano de 2012 foi muito rico. O que eu aprendi em um ano, foi além do que aprendi ao longo de uma vida nas escolas que estudei anteriormente”. 

Nesta ocasião todos entenderam o valor da escola, não apenas enquanto um lugar de ensino e aprendizagem, mas enquanto um sentido para a vida. 

Então as férias chegaram. Todas as alunas foram para suas casas, após um ano de muitos frutos colhidos, ou seja, muito aprendizado para a vida. Mesmo com a distância, estávamos sempre nos comunicando. Tornou-se difícil à distância, o não viver cotidianamente com cada olhar, com cada sorriso, com cada dúvida e pergunta. Que riqueza foi o ano de 2012 ! 

Quando pensei que as surpresas haviam se encerrado, um belo dia, duas alunas me telefonaram. A primeira disse: professora, eu não estou gostando dessa história de férias. Não quero mais férias. Já a segunda aluna expressou: quero que as aulas voltem logo, estou com saudade. 

Todas essas manifestações fez-me perceber que podemos construir uma escola pública melhor. Um lugar em que todos tenham alegria e satisfação em ir e acessar o conhecimento escolar. Chega de a escola ser um enfado, um peso, uma obrigação para os/as alunos/as. Neste sentido, todos que fazem a escola precisam entender seu papel social, tendo em vista contribuir para as construções de sujeitos que possam viver mais felizes, mais livres na sociedade.

Portanto, ter uma escola assim é possível. Uma escola que instigue o pensamento, a reflexão, a alegria e o prazer pelo conhecimento. Nada de mesmice, de acomodação, de fazer de conta, de transferir responsabilidades, de frustração. Então, depende de nós: educadores, gestores, supervisores, orientadores, merendeiras, secretárias, vigias, seladores, bibliotecária, comunidade e alunos. Todos podem fazer uma escola melhor. 

Antes de concluir, é importante destacar que estarei dando sequência ao trabalho realizado ano passado com a mesma turma (Ciclo I), só que agora no Ciclo II. O fato de permanecer com a turma no ciclo II, despertou nas alunas novas expectativas, sonhos e possibilidade crescimento.

`Para encerrar, gostaria de compartilhar o vídeo de  Rubem  Alves, o qual, reflete sobre "A escola ideal", apresentando o papel do professor.